Ser estrangeiro é viver entre duas vidas ao mesmo tempo
Ser estrangeiro é acordar em um país e sonhar em outro. É falar numa língua, pensar em outra e sentir em todas ao mesmo tempo. É carregar duas casas dentro do peito — uma que ficou e outra que você está tentando construir. Viver longe da sua terra é viver duas vidas paralelas. Na primeira, você é quem era: o sotaque, as lembranças, a comida, o jeito de ver o mundo. Na segunda, você é quem se tornou: a força que nasceu da necessidade, o silêncio que moldou sua coragem, a adaptação que virou rotina. Ser estrangeiro é rir sozinho de uma memória que ninguém ao seu redor entende. É explicar sua cultura com simplicidade, como se pudesse resumir toda uma história de séculos em poucas frases. É sentir saudade de coisas que antes você nem percebia — o cheiro da rua depois da chuva, o barulho familiar da vizinhança, o jeito que o céu ficava no fim da tarde. Aqui, eu aprendi que saudade não é falta, é presença. É o amor insistindo em permanecer, mesmo longe. E aprendi também que...